sexta-feira, 10 de abril de 2009

U2 E VOCÊS TAMBÉM

A regra de ouro deste blog é não adotar a crítica musical usando categorias de valor; sabe-se que pessoas se aproximam da música ou outras formas de arte por uma identificação, onde se misturam o emocional e o racional ( e o primeiro quesito ganha de goleada...). Há pessoas que declaram não gostar de reggae, outras de samba, outras de música popular. Até ouço aqueles que afirmam não amar a música. Este que digita estas tem por necessidade profissional estar a par desses códigos musicais que traduzem a condição humana frente ao que é concreto ou face ao desconhecido e outros mistérios, mas julgo perigoso o ecletismo que dá o mesmo peso e a mesma medida a formas diferentes e contraditórias.


Nestes tempos da busca de músicas on-line, a varejo, o lançamento de um álbum (nosso antigo LP...) muitas vezes tem um feeling de contramão. Eu me reporto ao novo trabalho da banda irlandesa U2, de nome No Line On The Horizon. Lançado em março deste ano, décimo-primeiro desde Boy (1980), o grupo formado por Bono Vox, The Edge, Adam Clayton e Larry Mullen Jr. tem uma trajetória marcada por um rock enraizado no pós-punk, indo além do que habitualmente se espera de bandas do estilo, através de fases e focalizações nos problemas políticos da nação vizinha (a Irlanda do Norte, com seus conflitos religiosos e violência política); um certo messianismo (em Joshua Tree) decorrente da alternativa cristã de três terços da banda; o enaltecimento explícito da cultura estadunidense em Rattle and Hum, que provocou muitas críticas nos setores de esquerda da sua terra natal. Então veio Pop,flertando com a música eletrônica e dividindo as águas mais uma vez. How to Desmantle an Atomic Bomb e Vertigo de certa forma trouxeram de volta uma sonoridade primordial, com os registros conhecidos das guitarras regadas a delay de Edge e os vocais conclamantes de Mr. Vox, unidos a uma cozinha de peso certo.


Revelo que venho escutando NLOTH em dose pequenas, sem pressa de absorver uma música que opino como grandiosa e do nosso tempo. O U2 sobrevive no terreno arenoso do rock da corrente principal ao lado de grandes como Stones, Oásis, Radiohead e possivelmente eu não tenha citado mais dois ou três.

Findo aqui com um pequeno trecho da letra de I’ll Go Crazy if You don’t Go Crazy Tonight: “ Toda geração tem a chance de mudar o mundo.”

Feliz Páscoa pra vocês. Até lá.