sexta-feira, 13 de novembro de 2009


ROCK NA TERRA DO AÇÚCAR OU
É DOCE MAS É DURO


A música rock chegou a Campos,nos anos 50,pelas ondas do rádio e pelo cinema que retratava o comportamento da juventude estadunidense no pós-guerra, como O Selvagem (The Wild One), protagonizado por Marlon Brando e sustentado pelo mito James Dean, encarnado um modelo de comportamento diametralmente oposto às gerações anteriores. Era a época da chamada “juventude transviada”, garotos classe-média-e seus óculos escuros-lambretas garotas-calça-jeans-rabo- de- cavalo-estúpido-cupido e virgindade até o casamento, como mandava o figurino das grandes cidades brasileiras, como Rio (a capital federal) e Sampa.


Comportadas orquestras e pequenos conjuntos faziam o fundo musical dos eventos em nossa cidade, e o padrão musical era ainda o produto nacional (samba-canção, baião) latinidade (bolero) e o som USA dos crooners inspirados em Sinatra. Pesadelo dos pais, mestres e líderes religiosos que na sua maioria não intuíam a mudança dos tempos, o rock’n’roll carregava um sopro de “selvageria” incompatível com o que se costuma nomear bons costumes.


Em meados da década de 60, Campos ainda era rodeada por um cinturão de usinas de açúcar, e se sua sociedade era profundamente conservadora, adepta do catolicismo tradicionalista, longe demais das capitais e inserida num país em plena ditadura militar e cerceamento da expressão. A introdução da guitarra elétrica causou polêmica, entre rejeição causada pelo volume sonoro inédito de um único instrumento e atração por suas formas futuristas e as possibilidades da mistura entre música e eletricidade. No entanto, muito influenciada pela televisão, a juventude aderiu ao modismo. Surgiram os Brasas, The Meeks, Os Rebeldes, Rogério e seu Ritmo 2001, entre inúmeros grupos que aqui representavam o vendaval da Jovem Guarda, liderada por Roberto Carlos, que era assim a tradução da invasão do rock britânico (Beatles, Stones, etc.) que no nosso país recebeu o nome de "iê-iê-iê", animando as tardes de domingo nos clubes locais, o ponto de encontro da juventude classe-média.


A evolução da música brasileira, que começava a repudiar o banquinho-violão e cooptava bandas elétricas,formatou o Tropicalismo de Caetano,Gil,Gal e Mutantes. Nada seria como antes, e os reflexos de um decênio em que se discutia que era proibido proibir ,foi sentido por muitos na própria carne.