quarta-feira, 24 de dezembro de 2008


UM ACORDE MAIOR PRA 2009


PRIMEIRO MOVIMENTO
A música sempre comunica o que é humano. Avanços na ciência,recordes no esporte.Com a expressão artística o buraco é mais acima:negar o que já foi feito,contradizer, dizer nas entrelinhas. Reproduzir a realidade, a “vida real” como proclama o marketing das novelas da tv? Com quantos acordes se faz um mantra? Quanto menos, melhor. Vejam o caso do velho/novo e bom Rock: Durante meio século academicistas viram (ouviram) no movimento música menor,esteticamente pobre,sem notar que o caso é de síntese,são duas moléculas de hidrogênio e uma de oxigênio,três acordes. Gênio? Água mole e pedra pura. E foi a trilha sonora da década mais turbulenta e criativa do século XX,das mudanças e tentativas de um outro mundo possível (ou impossível),enquanto na terra brasilis venerandos medalhões da nossa música faziam passeata pelo banimento da guitarra elétrica na MPB. Sabemos hoje que muitos fizeram a sua autocrítica e plantaram aquela guitarrinha lá em suas canções... Esse mesmo rock apartado eternamente por uma linha tênue entre o conformismo perante a imposição mercadológica e a busca pelo caminho da liberação individual ou da catarse coletiva...


SEM ANESTESIA
Nossa terra é potencialmente musical, só em se chegar aqui por uma rodovia é o que se sente;quem vê aquela fita de aço/estrada através da planície é bom então ter um instrumento por perto. Mas eu falo do feijão com arroz da sobre-vivência do músico local,dos desenganos,da invisibilidade social de quem toca ‘‘na noite” (fala-se que o campista é geralmente relutante ao ato de aplaudir),na desunião crônica da categoria... A luta é contínua,contudo permanece a impressão de que só existem duas maneiras de se encarar a música:como agente de mudanças ou mercadoria para ajudar o tempo (tédio) passar. Cada músico traz consigo seu background social,político ou moral para tomar o rumo que acha apropriado,no entanto a realidade é uma só: navegamos no mesmo barco e devemos solidariedade com o outro e buscar uma vida mais humana e mais digna.


UM ACORDE MAIOR
Este que digita este blog agradece os comentários, críticas e sugestões, recebidos através do correio eletrônico ou pessoalmente, e aspira que esse período festivo resgate as intenções de se meditar sobre Paz,Amor e Justiça e que fique no devido lugar o “garoto” propaganda de refrigerantes que desde os anos trinta vem roubando a cena de quem merece os parabéns...
Valendo,pessoal!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008








A PAULEIRA CONTINUA
NO GORDO





MINHA ALDEIA FOI EMBORA


Não se pode precisar em que ponto da História humana veio a percepção da música, que é um processo de interpretação de sons de forma subjetiva. Pode ser que a Natureza tenha fornecido a matéria prima,e nossos ascendentes a tentar a imitação daqueles sons. Cachoeiras,trovões,animais,batidas do coração e o que mais? Pela voz ou descobertas como a pele esticada,um pedaço de osso,um bambu. Histórias e acontecimentos serão contados à luz do fogo crepitando; porém muito mais impressivas quando cantadas,de bisavô para avô,de mãe parar filha. A transmissão oral da cultura,com o auxílio da música é um fato em diversas sociedades,até em nossos dias digitais.


Muda a cena,ou a faixa: há um mês atrás,o escritor desta encontrou-se com o violonista Rogério Bicudo,campista radicado na Europa ,estudioso do flamenco e igualmente bom de samba,gênero que o trouxe a sua terra natal para um único espetáculo no SESC-Campos, ao lado de um percussionista. Entre umas e outras cervejas cordiais,ele me apresentou um cd gravado por ele na Holanda,país onde reside atualmente,dividindo as pistas com um músico sul-africano. O disco intitula-se Tales of three cities (Contos de três cidades) em cuja capa figuram os mapas de Campos,Joanesburgo e Amsterdam,numa colagem artística. Pano rápido.


Muitos buscam as impressões digitais da porção musical goytacá, e passam a pressentir que certas manifestações,embora autênticas,se perderam no tempo por não fazerem mais sentido ou parte do dia-a-dia das pessoas envolvidas diretamente,e que o tempo não tem volta. Me causa preocupação os danos causados por um certo ranço provinciano,que acha sempre que a grama do vizinho tem um verde mais bonito. Os sons estão no mundo,só nos resta passa-los à frente.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008





À BEIRA DO RIO

(Abril 2003)


À beira do rio
Não tenho mais alegria
Nem o milagre dos peixes
Solidão,me deixe em paz
E todos choravam e diziam:
-O meu rio foi embora...
Pagavam doses caras
Em um mundo hipócrita
E todos bebiam e choravam,dizendo:
-Meu rio foi embora
Isso tudo corre na família
O ribeiro corre pro rio
E o rio corre pro mar
A gente agora só espera
Pela virada da maré
Asfalto elitizado
Sugando pobres enxurradas
Àgua é ouro,ouro é nada
Defronte da nossa sede
De justiça
(À beira do rio).

Ely Mira/L. Ribeiro

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

ROCK:O FUTURO DO PRESENTE


A pergunta que já vem há anos no universo rock’n’roll: existe ainda validade na atitude de um gênero musical que figurou como trilha sonora das profundas mudanças na sociedade ocidental a partir da segunda metade do século XX? É a Cultura Rock na mira outra vez,de novo,novamente. Nascido na afro-raiz do blues, tomou de assalto o establishment estadunidense no início da Guerra Fria (a Terceira Mundial),fez as malas pras Europas nos anos sessenta da experiência cubana,da Primavera de Praga,da guerra americana na Indochina, de Paris 68,da química contraceptiva e da psicodelia. Cá em nossa Pindorama na geléia geral foi o braço armado de guitarras fuzz da Trópicália. Com o desbunde estratégico,tornou-se a guarida alternativa da juventude do brasilgrande até chegar o tempo para eleições diretas , assumindo o primeiro plano na música feita no país. Foi a hora e a vez do hoje nostálgico movimento oitentista .
No entanto, a questão não deseja emudecer, pois a arte e a civilização vivem no compasso da Indústria Cultural e o que era revolucionário (no sentido de literalmente virar a mesa) pode ser tomado como ítem no catálogo dos entretenimentos, já que o sistema no qual vivemos recicla e adapta os bens ao gosto manipulado do freguês,com seus anti-corpos diluídos em modismos de ocasião.


Mas não sejamos tão apocalípticos agora. A sobrevida do R&R vem da sua adaptação e a consciência de que o alternativo não se esgota em seu próprio habitat. Ele precisa rejeitar os antigos esquemas e explodir com os novos, além do que a ética/estética dos burgos possa supor. Rótulos (pop-metal-mpb-novo folk,etc),a divisão (e luta) de classes,seus valores e adversidades, são peças de um jogo que freqüentam (ou não,no caso dos independentes) as prateleiras do Super Mercado da vida.


John Lennon uma vez disse que “o rock será o que fizermos dele”. Uma leitura crítica do mundo em que vivemos é bem-vinda a despeito do meio ou maneira em que ela é difundida. Um conteúdo que remeta às origens da luta por um lugar melhor sem abrir mão de saudáveis provocações,indo além das aparências que enganam. E muito,muito som mesmo,rolará.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

ZERO _OITOCENTOS

Não tem preço o apreço até parece que foi agora há pouco a gente se encontrou estamos lado a lado olhando pro horizonte em linhas paralelas um talho no dedo cortando tempero um calo na mão trocando pneu nem cefaléia nem dor de cabeça a maré onda pós ondas de lá pra trás tudo era diferente o supermercado é um detalhe a conta da luz é um detalhe a vizinhança um detalhe a vida é um retalho de luz

nenem nem fale não a cidade se revelou um bosque com lobos humanos antes contávamos o tempo agora o cálculo é de corpos e quem vive ainda vê os corvos na tevê a vida é um retalho de luz um talho no dedo cortando tempero um calo na mão trocando pneu na hora do show o supermercado é um detalhe a conta da luz é um detalhe a vizinhança ,um detalhe a vida a vida ela é a sua mãe.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

UM
BIGADA

Convido a todos os meninos e meninas de boa vontade para a apresentação dos AVYADORES DO BRAZYL,banda da qual este humilde digitador faz parte,no dia 23 de outubro (quinta!) no BAR DO GORDO. O Gordo é naturalmente point alternativo pra órfão da sonzeira que rolava no Estranho nenhum botar defeito.
O bar fica na avenida Alberto Lamego,em frente à UENF e os trabalhos começam a partir das 23:30,nem tão britanicamente...



terça-feira, 9 de setembro de 2008


PAPEL PASSADO
OU
UM SAMBINHA PRA VARIAR


Rapaz,pelo que você me disse
ela hoje se parece
com um jornal de ontem
que trazia boas novas
(raridade...)
será que vale a pena
ler de novo?
ou será que a sua miopia aumentou?
ela sempre vai te contar
o que se passou
no dia anterior
um decote sensual
pra te seduzir
palavras cruzadas,
charadas
tiras de quadrinhos
para adultos

então você vai se lembrar
de não ter tido tempo
de folhear o caderno B
e vai virar a página.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

COISAS DUSOTROS

1: O ABRIGO DA ESCÓRIA por Ely Mira


Gostaria que meu lar fosse o abrigo para os perdidos, ateus e perseguidos Gostaria que lar fosse o aconchego dos sem amor, sem fé e sem amigo Gostaria que esse lar fosse agasalho para os ombros desnudos e feridos, com as chagas feitas pela vida.
Gostaria que meu lar fosse um carvalho frondoso, com sombra generosa, dando fresca a todos os canalhas, aqueles que pensam diferente, buscando uma verdade escondida, não encontrada no meio dessa gente, juízes do certo e do errado, elitistas da mente apodrecida.
Gostaria que meu lar fosse orfanato acolhendo crianças mal-amadas, espermatozóides de endereço errado sangue, células, mentes deformadas. Gostaria que meu lar fosse um mosteiro guardando verdades milenares ouvir a voz do Dalai -Lama se espalhar nas rosas do canteiro. Quem sabe o meu lar fosse uma gruta de pintores rupestres, indecifráveis, não para minha escória, os malfeitores, meus amigos de busca, inseparáveis. Mas o meu lar não passa de um deserto, guardando móveis e não gente..
Eu, o beduíno solitário...
Eu ,a que está longe do que é certo.
Eu,um grão de areia não semente...




2: LÂMINA por Artur Gomes


lâmina me falas de uma cena no centro do aterro e em minha comédia de erros grito dentro do seu drama. o rio que passou em minha vida vem da sua infância não foi canção de paulinho da viola. me transborda me extravasa me atravessa agora nesse tempo em que me recolho no teu colo. ali mesmo de passagem pela pedra em frente a santa úrsula depois do túnel santa bárbara era uma vez um rapaz de 17 anos. carlos lacerda era apenas um defunto político e eu escrevia uma coluna de esportes mas minha fome continuou. no palácio do catete sobrevivem os fantasmas de 54 e você ainda me fala de uma cena no bonde do corcovado e eu no centro do aterro falo dentro do seu erro o rio que passou em minha vida vem de sampa não de minas, uma canção de joão do vale carcará ou coisa parecida com forró forrado lá pelas bandas do largo do machado antes de chegar ao catumbi-laranjeiras. quando domingo sol e chuva e me conduzes pela estrada que vai dar em minha casa o rio segue ao nosso encalço lá em baixo em sua triste e silenciosa correnteza enquanto dentro do meu corpo esquenta o sangue e como o mar não está pra peixe eu me esfinjo e te devoro enquanto sua amiga dedilha um violão e tenta entender o que se passa entre nós mas há que ter um tempo BEA nem que seja por um risco pois a vida é como um TRIZ e vale estar em sua vida deste tempo muito antes divina como foi de Dantes num tempo em que se foi feliz bela Ana bela mina Bea vinda bela ainda bea linda BeAtriz.

terça-feira, 24 de junho de 2008


LE DERNIER CRI


O primeiro grito
será o que nunca
foi dito antes
o último grito
virá da maldita
garganta seca
dos famintos

o último grito
dará à luz o anti-mito
sutil como uma manada
de elefantes

o último grito
nunca será escrito
na areia da praia seca
mas na consciência
dos quem tem ouvidos
pra enlouquecer.

terça-feira, 17 de junho de 2008

O VISITANTE

Você tem medo dessa coisa
que ainda não deu um nome,
mas conheçe muito bem
sente o que está chegando
esse seu trem
não será a partida,
sim quem chega sem avisar

você sente que vem rolando
eletrizado pela vontade
da alma insatisfeita
carregada de beleza
e toda a dor humana

você vai prantear um mar
vai pesar mais o que o ar
vai flutuar sobre o nada
e um dia,
tudo passará

você tem medo dessa coisa
que ainda não disse o nome,
porém já é tempo para não ter
mais nenhum
temor

terça-feira, 10 de junho de 2008


OS RATOS SOLTOS NA PRAÇA

Dizem que uma pessoa morre pela metade quando perde a capacidade de se indignar. Qual o sentimento,qual a atitude que corre pelas veias ao se defrontar com a criminosa depredação de Kampos dos Gothan-Cazes pelos poderosos de plantão, plantão esse de duas décadas? Um conluio de políticos cento e setenta e um (pleonasmo?) com novos ricos olhudos mais um exército de garimpeiros de migalhas. Apesar de todas aquelas escandalosas ocorrências policiais, tudo continua correndo a favor da situação que é legitimizar a improbidade através das próximas eleições, em cujo evento que já sabemos de antemão, irão se degladiar as duas facções locais, os Amigos Do Arnaldo e o Comando Rosinha.

Correndo contra o tempo o esforço inovador e corajoso de blogueiros campistas, procurando com um holofote ao meio-dia abrir um caminho alternativo. E vejo a grande massa popular do outro lado do abismo, refém do clientelismo e talvez pior, do pão-e-circo, cuja culminância é a triste anarquia irresponsável faroleira, sucessora do carnaval anoréxico que restou em Kampos (um dos melhores do Brasil em tempos idos) ...O mesmo carnaval esnobado cínicamente pelo atual alcaide em seu momento super-vip na Marquês de Sapucaí.

Há um desequilíbrio cultural, artistas com pires na mão viciados na heroína sintética de nome PMCG. Síndrome de abstinência de alguns, saída por qualquer lado para muitos. Por tais cidadãos e cidadãs passa a construção da memória de nossa cidade, da cristalização do movimento da pequena história do dia-a-dia, porém a conexão a cada dia que passa torna-se mais rápida,mais certeira. ALGUMA COISA TEM DE ACONTECER.

De pau pra guitarra: uma passarinha me contou que bandas de garagem se apresentarão no SESC nesse começo de inverno. Já que falei em indignação,esses garotos e garotas fazem o que deve ser feito, em se tratando de rock'n'roll: não querem nem saber. Antes que chegue o tempo de pagar as contas. Bem, aí será outra história... que não foi escrita ainda.


Afins e bem feitos:
http://www.fotosfatoseafins.blogspot.com

http://arturgomes.zip.net

http://www.urgente.blogspot.com/

http://romualdobraga.blogspot.com/


A OUSADIA QUE MARCOU OS ANOS 60

Nada mais gratificante para um músico dedicado ao R&R do que tocar Beatles.É uma viagem na História desse garoto velho que muitos (e no fundo este que escreve estas) acreditam que tem ainda suas chances de participar da mudança desse mundo injusto e absurdo. Aqueles 4 representam a ruptura com a ingenuidade do Rock americano com sua adaptação à realidade do pós-guerra europeu,criando um discurso voltado para o existencial, das possibilidades e novas formas de se fazer política.

Então vem o SESC/Campos com o evento "Beatles: a ousadia que marcou os anos 60". Estarei lá com a Avyadores dia 12 ,quinta-feira, partir das oito da noite (a pontualidade vai se quase britânica) e pela primeira vez num espetáculo totalmente voltado para o quarteto de Liverpool, embora venha há tempos interpretando a maioria do repertório que estamos ensaiando. Pra quem como eu que ouve Beatles desde a pré-adolescência, considero um resgate emocional. Então amigos e amigas,estão todos convidados.

Let me take you down,cause I'm going to....


segunda-feira, 9 de junho de 2008












MARIE DE BESANÇON
(14 de julho)

Agora, quem é Marie de Besançon?
um reflexo na vidraça,
o que a morte não apaga,
é como roubar um beijo e não poder levá-lo
para o futuro que a Deus pertence

o que é de Marie de Besançon agora?
alguém fitando as vitrines,
e a vida não tem preço,
mesmo quando é lilás igual
ao amor que tem para dar,
como ela pensa

Marie de Besançon, agora o que é?
de ser transparente vai tornar-se invisível,
mas não para seu amado que tirou o seu véu
azul turquesa
(toda delicadeza)

segunda-feira, 19 de maio de 2008

EXISTE UM TEMPO ( TURN!TURN!TURN! )

Há quase cinqüenta anos, o cantor folk estadunidense Pete Seeger musicou um versículo do Livro do Eclesiastes (Ecl. 3:1 ‑ 4)., cantando a alternância de todas as coisas e sentimentos sobre a Terra. Seeger (nascido em 1919) foi um ativista de esquerda nos anos do macartismo (perseguição da direita comandada pelo senador J. McCarthy). P.S. era membro do Partido Comunista dos Estados Unidos, o que afetou sua carreira musical nos anos 50,porém na seguinte década, Pete foi considerado uns dos precursores das protest songs, adotada pela juventude e cujo ícone maior foi Bob Dylan. A versão mais famosa da canção,intitulada Turn! Turn! Turn! foi gravada pela banda folk-rock The Byrds,em 1966,com belíssimas guitarras elétricas de 12 cordas.


"Para todas as coisas existe um tempo
E um tempo para todas as coisas, sob o céu
Um tempo para nascer,tempo para morrer
Um tempo para plantar, um tempo para colher
Um tempo para matar,um tempo parar curar
Um tempo para rir,um tempo para soluçar

Para todas as coisas existe um tempo
E um tempo para todas as coisas, sob o céu
Um tempo de construir,um tempo para destruir
Um tempo para dançar,um tempo para lamentar
Um tempo de atirar pedras,um tempo de juntar as pedras

Para todas as coisas existe um tempo
E um tempo para todas as coisas,sob o céu
Um tempo de amor, um tempo de ódio
Um tempo de guerra,um tempo de paz
Tempo de se abraçar,um tempo de se evitar o abraço

Para todas as coisas existe um tempo
E um tempo para todas as coisas,sob o céu
Um tempo de achar, um tempo de perder
Um tempo de rasgar,um tempo de costurar
Um tempo para amar ,um tempo para odiar
Um tempo de paz,
*eu espero que não demore."


* (a última estrofe foi acrescentada ao texto original pelo próprio Seeger).

domingo, 11 de maio de 2008


O FIM DO ESTRANHO?

O Bar do Estranho representou bem por um bom tempo no oásis da caretice e mesmice reinantes,digamos,no universo goytacá dos botequins. Pé-sujo assumido,o BDE navega agora em seu inferno astral e corre pra baixo com os boatos da sua desativação para a montagem de um estabelecimento comercial ligado aos seus recíprocos rivais da vizinha igreja protestante. São rumores,rumores de guerra morna. Por seu ambiente descontraído quase anárquico,muitas bandas que não teriam chance na conservadora cena campista se apresentavam lá,por gosto e de grátis.

Meninos e meninas,eu vi filmes trash e poetas cravando poemas com canetas pilot nas mesas enquanto a madrugada não dizia nada além de ser cinza e azul, deixando o último grito na boca dos primeiros bêbados da manhã. Ufa!

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Rock em Kampos:ALTER-NATIVO OU POP?



Nesses primeiros meses de 2008, certos episódios causaram controvérsia na área musical campista,como a exigência de um teste de avaliação para os possíveis contratados da Fundação Trianon,alguns com anos de estrada e conhecidos até pelas pedras do Calçadão. Tais fatos, aliados aos escândalos político-administrativos serviram para uma coisa: ponderar o posicionamento das bandas que militam no gênero Rock. A impressão que ficou foi de um movimento que nasceu libertário, cresceu e amadureceu entre ideais progressistas, mas na pressão dos tempos de individualismo neoliberal, deu uma guinada brusca para a conquista da fama sem mérito, ou pragmatismo na busca de dinheiro sem um compromisso político.

Sem dúvida o profissionalismo exige uma assiduidade em casas noturnas;multiplicar a música rock, blues ou reggae é uma bem-vinda atitude, um equilíbrio possível contra a triste hegemonia de estilos em que não se enxerga integridade,só massificação picareta instilada pela mídia gorda. Esse esvaziamento ideológico é proporcional à proliferação de grupos voltados exclusivamente para ‘‘agradar nos barezinhos”, ou "tocar para a Prefeitura" (aquela mesma que leva meses para remunerar os músicos locais) abdicando qualquer preocupação com a busca de uma impressão digital (que será única) ou a consciência de pertencer a uma categoria que tem a missão implícita de manter o fogo aceso do caldeirão cultural.

Por sua vez, o movimento underground continua mantendo a ''pureza" inicial do R&R na sua versão século XXI, aliada às produções de poesia à margem, vídeos e trabalhos gráficos instigantes- isso é bom e produtivo, vejo e ouço uma garotada (e outros que não são tão garotos ou garotas) que não querem nem saber.

Não devemos esquecer as raízes, as lutas, as utopias, os porquês, o internacionalismo e a história da nossa aldeia, que só nós saberemos contar,com o risco de perdermos o fio da meada. Toda mobilização estética e cultural tem suas regras, mas escuto a opinião alheia, mesmo que contrária. Se há uma dicotomia aqui, é o caminho que muitos julgam como o correto: O rock goytacá tem sua vocação no ALTERNATIVO ou no POP? Gostaria de saber o ponto de vista daqueles que são do Rock. E eu os saúdo!


quinta-feira, 1 de maio de 2008


O BLUES ESTÁ CERTO !

"O blues é uma música simples.E música simples é a música mais difícil de se tocar neste mundo".

Albert Collins (1932 –1993)

LANÇAR VINIS! LANÇAR VINIS! LANÇAR VINIS!

Bola na rede para a volta ao centro das atenções da velha e boa e mídia chamada vinil. Durante várias décadas do século passado ele continha em seus sulcos a mágica da música,além de vir embalado numa capa de papelão cujo tamanho poderia abrigar verdadeiras obras de arte e dar uma visão confortável dos textos ali escritos. A velocidade imprimida pela revolução digital tirou o bolachão preto de campo,saindo sob críticas e desprezo generalizado.
Com a morte anunciada do compact disc (CD),já sendo substituído pela virtualidade,aquele antigo rejeitado volta aos holofotes,ou melhor,aos pratos e agulhas. Grande parte da minha formação musical foi à base de LPs (e digo sem saudosismo,pois é uma constatação que a música tem seus picos de criatividade), com sua sonoridade quente e ruídos orgânicos,e fui testemunha auditiva de, por exemplo,da revolução Beatle,da Tropicália canibal,da MPB criptográfica dos anos de chumbo,do virtuosismo ostensivo do prog-rock
e do desbocado furacão punk.

Na nossa Kampos dos Goytac-azes Ausentes levantou a bandeira o dublê de fotógrafo e DJ Wellington Cordeiro,que organizou a interessante Noite do Vinil na Taberna Dom Tutti todas as quartas-feiras,variando os temas semanalmente. Black music,Clube da esquina,brega,rock e por aí vai,e a juventude (e os mais maduros) mergulhou de cabeça.

Nem tudo está perdido em Gothan City,principalmente quando pessoas entendem a Cultura como transmissão de tradições para alimentar possíveis re-invenções,a despeito do descaso e má-fé daqueles que recolhem nossos impostos mais os royalties do óleo e promovem a interminável farra do bezerro de ouro.


Luizz R. mai 2008








GIRASSÓIS NUM CAMPO MINADO

Desconfio sempre
dessa euforia de fim do mundo
tem cara corpo e jeito de desespero
carnaval careta
sem uma pitada de cinzas
nem feijão-fradinho
tranque o acesso,baby,
não estamos a sós na caravana
e o que tem lá fora?
e o que tem lá fora,
além das parabólicas e dos urubus?

vi dona esperança
lavando roupa suja
na máquina
vi um campo minado
e seus girassóis
vi a chuva doce que vem
uma benção sobre nós
vi co’os olhos fechados de um sonho
alguém na madrugada
cantando um samba sereno

mas se você não sabe brincar,menina
não brinque
se você não sabe brincar,menina
não desça pro play!

Luizz R. abr 2008