sexta-feira, 25 de julho de 2008

COISAS DUSOTROS

1: O ABRIGO DA ESCÓRIA por Ely Mira


Gostaria que meu lar fosse o abrigo para os perdidos, ateus e perseguidos Gostaria que lar fosse o aconchego dos sem amor, sem fé e sem amigo Gostaria que esse lar fosse agasalho para os ombros desnudos e feridos, com as chagas feitas pela vida.
Gostaria que meu lar fosse um carvalho frondoso, com sombra generosa, dando fresca a todos os canalhas, aqueles que pensam diferente, buscando uma verdade escondida, não encontrada no meio dessa gente, juízes do certo e do errado, elitistas da mente apodrecida.
Gostaria que meu lar fosse orfanato acolhendo crianças mal-amadas, espermatozóides de endereço errado sangue, células, mentes deformadas. Gostaria que meu lar fosse um mosteiro guardando verdades milenares ouvir a voz do Dalai -Lama se espalhar nas rosas do canteiro. Quem sabe o meu lar fosse uma gruta de pintores rupestres, indecifráveis, não para minha escória, os malfeitores, meus amigos de busca, inseparáveis. Mas o meu lar não passa de um deserto, guardando móveis e não gente..
Eu, o beduíno solitário...
Eu ,a que está longe do que é certo.
Eu,um grão de areia não semente...




2: LÂMINA por Artur Gomes


lâmina me falas de uma cena no centro do aterro e em minha comédia de erros grito dentro do seu drama. o rio que passou em minha vida vem da sua infância não foi canção de paulinho da viola. me transborda me extravasa me atravessa agora nesse tempo em que me recolho no teu colo. ali mesmo de passagem pela pedra em frente a santa úrsula depois do túnel santa bárbara era uma vez um rapaz de 17 anos. carlos lacerda era apenas um defunto político e eu escrevia uma coluna de esportes mas minha fome continuou. no palácio do catete sobrevivem os fantasmas de 54 e você ainda me fala de uma cena no bonde do corcovado e eu no centro do aterro falo dentro do seu erro o rio que passou em minha vida vem de sampa não de minas, uma canção de joão do vale carcará ou coisa parecida com forró forrado lá pelas bandas do largo do machado antes de chegar ao catumbi-laranjeiras. quando domingo sol e chuva e me conduzes pela estrada que vai dar em minha casa o rio segue ao nosso encalço lá em baixo em sua triste e silenciosa correnteza enquanto dentro do meu corpo esquenta o sangue e como o mar não está pra peixe eu me esfinjo e te devoro enquanto sua amiga dedilha um violão e tenta entender o que se passa entre nós mas há que ter um tempo BEA nem que seja por um risco pois a vida é como um TRIZ e vale estar em sua vida deste tempo muito antes divina como foi de Dantes num tempo em que se foi feliz bela Ana bela mina Bea vinda bela ainda bea linda BeAtriz.

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