domingo, 26 de setembro de 2010

PALPITE FELIZ (parte I)


Idéias se discutem. Até futebol e religião,em certos ângulos, não são dispensadas de uma troca de opiniões,ao contrário do que diz o lado conservador da nossa gente. Na música popular, esse saudável hábito até há bem pouco tempo era quase uma tradição. Memoráveis foram os embates entre Noel Rosa e Wilson Batista, ainda nos anos trinta,
por conta de bairrismos e posições de classe, destilados na música e letra desses dois gênios. Por conta da criatividade deles, muitas canções foram moldadas, réplicas e tréplicas e a cultura agradecendo... Noel Rosa nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1910 e faleceu de 1937 com apenas 27 anos incompletos. Wilson Batista era da cidade de Campos, Estado do Rio de Janeiro, (nascido em 1913,falecido em 1968).
Nos anos cinqüenta,com o advento da bossa-nova, alguns ouvidos estranharam a inserção de notas dissonantes no cantar e nas execuções.O gênero,muito influenciado pelo jazz estadunidense e desacelerando a batida do samba de morro, causava divisões.Bem,João Gilberto gravou Desafinado,uma diplomática mensagem aos conservadores. Em tempos bem mais pesados que os anos JK, durante o regime militar, com a diminuição crescente das liberdades democráticas, a música popular tornou-se o canal de expressão, e aonde as idéias,posicionamentos e engajamentos vinham á tona,mesmo que em letras de canções. A disputa entre favoritas de festivais tomavam a forma de um grande plenário,e a mensagem importava,para muitos,mais do que a forma. Assim,a introdução das guitarras elétricas na MPB foi objeto de escândalo e indignações “nacionalistas” por muitos medalhões que organizaram,pasme jovem leitor(a), até passeatas contra! Os mesmos que hoje não dispensam uma fenderzinha em suas gravações e apresentações...
Nos anos setenta a bola da vez era o emergente rock brasileiro, já liberto das amarras iê-iê-ie e ensaiando cara de bandido. Inesquecíveis os contra-ataques bem-humorados de Rita Lee ao nariz empinado do sistema mepebista como “todos falam sério, todos eles levam a sério/ mas esse sério me parece brincadeira” (Arrombou a festa).Raul Seixas igualmente fez suas críticas através da sua música às protest songs de plástico (Eu também vou reclamar). A história continua!

Nenhum comentário: