quarta-feira, 26 de novembro de 2008

ROCK:O FUTURO DO PRESENTE


A pergunta que já vem há anos no universo rock’n’roll: existe ainda validade na atitude de um gênero musical que figurou como trilha sonora das profundas mudanças na sociedade ocidental a partir da segunda metade do século XX? É a Cultura Rock na mira outra vez,de novo,novamente. Nascido na afro-raiz do blues, tomou de assalto o establishment estadunidense no início da Guerra Fria (a Terceira Mundial),fez as malas pras Europas nos anos sessenta da experiência cubana,da Primavera de Praga,da guerra americana na Indochina, de Paris 68,da química contraceptiva e da psicodelia. Cá em nossa Pindorama na geléia geral foi o braço armado de guitarras fuzz da Trópicália. Com o desbunde estratégico,tornou-se a guarida alternativa da juventude do brasilgrande até chegar o tempo para eleições diretas , assumindo o primeiro plano na música feita no país. Foi a hora e a vez do hoje nostálgico movimento oitentista .
No entanto, a questão não deseja emudecer, pois a arte e a civilização vivem no compasso da Indústria Cultural e o que era revolucionário (no sentido de literalmente virar a mesa) pode ser tomado como ítem no catálogo dos entretenimentos, já que o sistema no qual vivemos recicla e adapta os bens ao gosto manipulado do freguês,com seus anti-corpos diluídos em modismos de ocasião.


Mas não sejamos tão apocalípticos agora. A sobrevida do R&R vem da sua adaptação e a consciência de que o alternativo não se esgota em seu próprio habitat. Ele precisa rejeitar os antigos esquemas e explodir com os novos, além do que a ética/estética dos burgos possa supor. Rótulos (pop-metal-mpb-novo folk,etc),a divisão (e luta) de classes,seus valores e adversidades, são peças de um jogo que freqüentam (ou não,no caso dos independentes) as prateleiras do Super Mercado da vida.


John Lennon uma vez disse que “o rock será o que fizermos dele”. Uma leitura crítica do mundo em que vivemos é bem-vinda a despeito do meio ou maneira em que ela é difundida. Um conteúdo que remeta às origens da luta por um lugar melhor sem abrir mão de saudáveis provocações,indo além das aparências que enganam. E muito,muito som mesmo,rolará.

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