quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

MINHA ALDEIA FOI EMBORA


Não se pode precisar em que ponto da História humana veio a percepção da música, que é um processo de interpretação de sons de forma subjetiva. Pode ser que a Natureza tenha fornecido a matéria prima,e nossos ascendentes a tentar a imitação daqueles sons. Cachoeiras,trovões,animais,batidas do coração e o que mais? Pela voz ou descobertas como a pele esticada,um pedaço de osso,um bambu. Histórias e acontecimentos serão contados à luz do fogo crepitando; porém muito mais impressivas quando cantadas,de bisavô para avô,de mãe parar filha. A transmissão oral da cultura,com o auxílio da música é um fato em diversas sociedades,até em nossos dias digitais.


Muda a cena,ou a faixa: há um mês atrás,o escritor desta encontrou-se com o violonista Rogério Bicudo,campista radicado na Europa ,estudioso do flamenco e igualmente bom de samba,gênero que o trouxe a sua terra natal para um único espetáculo no SESC-Campos, ao lado de um percussionista. Entre umas e outras cervejas cordiais,ele me apresentou um cd gravado por ele na Holanda,país onde reside atualmente,dividindo as pistas com um músico sul-africano. O disco intitula-se Tales of three cities (Contos de três cidades) em cuja capa figuram os mapas de Campos,Joanesburgo e Amsterdam,numa colagem artística. Pano rápido.


Muitos buscam as impressões digitais da porção musical goytacá, e passam a pressentir que certas manifestações,embora autênticas,se perderam no tempo por não fazerem mais sentido ou parte do dia-a-dia das pessoas envolvidas diretamente,e que o tempo não tem volta. Me causa preocupação os danos causados por um certo ranço provinciano,que acha sempre que a grama do vizinho tem um verde mais bonito. Os sons estão no mundo,só nos resta passa-los à frente.

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