terça-feira, 16 de fevereiro de 2010



BLUES E CINZAS

Uns dizem que é como se fosse a alegria do desespero,outros garantem
que é tudo que se tem para viver nesta vida,aqui e agora,sem nenhum amanhã.
Falo do Carnaval,que volta impávido no ano que vem. Mesmo não sendo um aficionado,
nem ‘‘folião”,não compartilho da opinião que ele deva ser varrido
do mapa e do calendário:isso é atitude de radical-choque. É como toda moeda
tem dois lados e embora algumas não valham nada,o trânsito na cidade fica uma
beleza só... Quem é cinqüentão e campista como eu,deve ter visto outros
carnavais, mas eu não sinto pena,que por sinal é um dos piores sentimentos.

O mundo gira e a caravana rola: sairemos da freqüência sonora de músicas do tríduo momesco (e mais alguns dias!) para a música de ‘‘meio-do-ano”. É obvio que algumas continuarão na árdua tarefa de tentar fazermos crer que é preciso estarmos sempre alegrinhos,ou na pior das hipóteses,simular isso. Foi bom pra você?

Ouvir blues debaixo desse céu azul de metileno - contabilize aí quarenta e sete dias
sem chover- é como ter certeza de que as nuvens virão, carregadas de água para abaixar a poeira e começarmos o ano de 2010 (é nossa Cultura que empurra assim, “o Brasil só começa depois do carnaval”). Que injustiça,este é um país onde a maioria dá um duro e ganha pouco e constrói riquezas... pros outros. Mesmo com todo progresso. Como diz o pagode da TV ‘‘isso é globalização” também,meu irmão. Mas virá a chuva,dia menos dia, os incêndios debelados e ficarão as cinzas, como prova de que na vida,como no blues,é preciso darmos uma meia-volta e recomeçar tudo de novo,da melhor forma possível,naquela parte que nos cabe dentro dos exatos doze compassos.

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